terça-feira, 5 de maio de 2009

Manual Assessoria_12


Um exemplo do que não se deve fazer em Coletivas

O escritor Francis Vanoye, no seu livro Usos da Linguagem, cita uma matéria da revista Veja, de 26 de novembro de 1977, na página 12. O assunto em questão era a falta de comunicação de um diretor da Petrobrás. Leia e reflita:

"O ministro Shigeaki Ueki, afinal, fez o possível. Diante de jornalistas que passaram três horas tostando ao sol do aeroporto de Santa Maria, em Aracaju, na última quinta-feira, sem cadeiras que lhe fossem oferecidas, ele lembrou aos diretores da Petrobrás em Sergipe - cuja plataforma marítima é a maior produtora de petróleo no Brasil, com 3,6 milhões de barris anuais - que a Imprensa deveria ser tratada 'com carinho, senão vocês ficam reclamando da má imagem da Empresa'. Depois de oferecer cafezinhos aos repórteres, Ueki passou a palavra para o diretor de produção da Petrobrás, engenheiro Francisco de Paula Medeiros, que travou o seguinte diálogo com a Imprensa:

- Qual a finalidade de sua visita a Aracaju?
- Que pergunta besta. Rotina.
- Que poderia informar sobre a implantação de unidades de amônia e uréia em Sergipe?
- Não é da minha área.
- Quais as perspectivas de aumento da produção petrolífera no Estado?
-Não sou computador.
-Qual o montante de investimentos que a Petrobrás aplicará este ano em Sergipe?
-Não posso ter na cabeça
-Qual a atual produção de Sergipe em terra e no mar?
-Vocês não sabem isso? Vocês entendem de metros cúbicos???
-Foram localizadas novas jazidas de gás natural?
(silêncio)

A entrevista se encerrou com um grito de advertência do engenheiro aos cinegrafistas da TV Atalaia, que pretendiam filmá-lo, não se sabe por que: "Não sou artista para aparecer na televisão".

Fonte Revista Veja - 26.11.1977 in
VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. Ed. Martins Fontes

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