sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aula_30 de maio

Planejando a Abertura da Sua Empresa

Aula_27 de maio

Planejando a Abertura de Sua Empresa

Aula_23 de maio

Prova Teórica de Planejamento e Gerenciamento Jornalístico

terça-feira, 19 de maio de 2009

Análise_Felicidade


Feliciade Sim

Eis aí uma coisa que todo mundo quer: ser feliz. Mas o que é ser feliz, afinal de contas? Como encontrar a felicidade? Será que realmente estamos preparados para ela?

Ana Lúcia mora naquelas casas de revista, num condomínio que parece de filme americano. Seus filhos adolescentes estudam numa escola budista, seu marido é dono de uma empresa que vai de vento em popa, a família tem três caminhonetes importadas na garagem, viaja todos os anos para a Europa e, para completar, Ana Lúcia ainda é uma ótima profissional na área de marketing. As pessoas que indicaram seu nome me afirmaram com convicção que Ana Lúcia é um ser feliz. Diante da farta mesa do café da manhã de sua casa, com raios de sol atravessando a cozinha e passarinhos cantando lá fora, ela garante com todas as letras que se sente realmente privilegiada.Agradece todos os dias pela casa, pelo marido, pelos filhos – e também, meu Deus, ia me esquecendo, pelo nascer do sol. Ana é uma mulher transbordante de alegria. Anoto cuidadosamente com a ponta fininha da lapiseira a lição número 1 desta reportagem: “Felicidade é ter saúde, uma boa casa, a família em harmonia e dinheiro”. Isto é, ter as necessidades básicas garantidas e um bom relacionamento familiar. Estou prestes a escrever seu nome completo quando ela me segura delicadamente o braço. Não, ela não quer que seu nome verdadeiro saia no texto. Portanto, agora vocês já sabem, Ana Lúcia não se chama Ana Lúcia. Também seria bom, ela sugere, eu não mencionar as caminhonetes, nem a TV de plasma de 42 polegadas ou a piscina com raia olímpica. Menos ainda as constantes viagens internacionais. Não é receio de seqüestro, não, antes fosse. É só medo de que alguém possa “secar” sua felicidade com olho gordo. Isso mesmo.Ana Lúcia tem medo de inveja. E justifica: “Podem botar mau-olhado e minha vida começar a dar pra trás”, diz ela, subitamente temerosa. E acrescenta: “Ah, você sabe como são essas coisas...” Sei sim.Acabo de aprender a segunda lição: “Ter medo de perder a felicidade traz infelicidade”.

Não vejo a hora (assim como você, tenho certeza) de conhecer os outros ensinamentos que me esperam nesse caminho.

Felicidade é limite

Não que Ana Lúcia não seja realmente feliz. À sua maneira, ela é (e a gente sempre é feliz de acordo com a nossa maneira). E, sim, ter uma folga financeira realmente ajuda. Mas, de acordo com pesquisas recentes, dinheiro sobrando só contribui para a felicidade até determinado ponto. Isto é, você pode ficar muito feliz por poder adquirir um iate, mas não vai ficar 15 vezes mais feliz se resolver comprar mais 15. A esse respeito, o senso de humor britânico inspirou uma curiosa pesquisa na Inglaterra. Uma emissora de rádio perguntou a seus ouvintes qual seria a quantia exata de dinheiro que tornaria uma pessoa feliz. Segundo os 5 mil ingleses que responderam a pergunta, a quantia exata é de 1,2 milhão de libras (1,4 milhão para as mulheres, que sempre gostam de comprar mais algumas coisinhas). Em nossa moeda, cerca de 5 milhões. Nada mal.

Mas o que essa pesquisa diz é muito importante: a multiplicidade dos objetos que nos causam felicidade não garante que sejamos mais felizes. Por isso é que existem ricos infelizes e pobres felizes.Mais: até a satisfação dos desejos tem um teto. Essa pode ser até outra lição sobre os caminhos que podem nos levar à felicidade. Não adianta acumular (ou ter) demais. Parece bobo, mas muita gente ainda escorrega nisso. É só perguntar para um colecionador de automóveis: até um determinado ponto, adquirir mais um carro para a coleção traz uma grande felicidade (que dura só até a próxima aquisição). Depois de determinado número, porém, a emoção e o prazer vão diminuindo. Só um carro excepcional, raro e difícil de se conseguir vai trazer um pouquinho da felicidade já sentida antes. Mesmo assim, o colecionador continua comprando compulsivamente, na vã esperança de que a felicidade possa ser tão intensa quanto nas primeiras vezes (onde se lê colecionadores de carros, leia-se também aqueles que gostam de colecionar qualquer outra coisa, como sensações, emoções ou... paixões).

A frugalidade dos desejos é o ponto básico dos filósofos epicuristas, por exemplo. Diferentemente do que se pensa hoje, eles não propunham uma orgia de prazeres sensuais, um hedonismo desenfreado. Afinal, eram gregos e sábios. O que diziam é que, para fruir verdadeira e intensamente a felicidade e o prazer, era preciso escolher. Portanto, “hay que saber selecionar”. E a lista do que realmente pode nos fazer felizes tem de ser bem restrita, pensada. Pelo simples motivo de que ninguém vai conseguir preencher todos os itens de uma lista quilométrica. Exigências demais atrapalham, desejos demais também.“Menos, menos”, nos segreda a sabedoria grega (e certamente alguns namorados, ou namoradas, insastisfeitos com nossas cobranças).

Mais despojados ainda eram os filósofos estóicos. Eles também não sofriam estoicamente, como se acredita hoje, nem eram masoquistas. Os estóicos simplesmente diziam que para não sofrer, para não ser infeliz, é melhor não se ter nada.Danny,um dos melhores personagens do romancista americano John Steinbeck e protagonista do livro Boêmios Errantes, provavelmente era um estóico apaixonado e não sabia. Vagabundo e sem um tostão no bolso, de repente recebe a herança de uma casa, na verdade pouco mais que um casebre, de uma tia. Quando vai conhecer a nova habitação, vazia de móveis e cheia de poeira, percebe que foram deixados para trás dois vasos em cima da lareira. Imediatamente vai em direção a eles e, plá!, joga o primeiro vaso no chão. Depois se dirige ao outro e, plá!, estilhaça-o em mil pedaços. Raspa a garganta e em voz alta resmunga qualquer coisa como “assim ninguém vai chorar quando eles se quebrarem....” Muito difícil ser um verdadeiro estóico como Danny hoje em dia. E só consigo imaginar Clint Eastwood fazendo seu papel.

Felicidade é atitude

Ninguém precisa ser radical a ponto de abdicar de tudo o que tem.André Comte-Sponville, o inspirado pensador francês contemporâneo, acredita que, para ser feliz, é preciso estar no estado de desespero – não na idéia que conhecemos desse sentimento, mas no desespero (ou desesperança) de quem não espera mais nada, ou seja, de alguém que não sofre mais por não ter e está satisfeitíssimo com aquilo que tem. Não é o que acontece geralmente, convenhamos. Diz Sponville (no livro A Felicidade,Desesperadamente) que o desejo primordial do ser humano é justamente desejar tudo aquilo que não tem: o emprego dos sonhos, a pessoa amada, dinheiro...Nosso desejo de ser feliz está baseado na falta, dizia o filósofo holandês Spinoza, cujo pensamento Sponville analisa em seu livro. E, quando conseguimos realizar algum desses anseios, automaticamente surge outro desejo em seu lugar. “Há duas catástrofes na existência”, dizia George Bernard Shaw: “A primeira é quando nossos desejos não são satisfeitos; a segunda é quando são”. Portanto, lá vai mais uma chave da felicidade: a gente pode ser perfeitamente feliz com o que tem.

O budismo vai além. Diz que a felicidade que depende de algo externo está baseada não só no desejo (ou esperança) de ter esse objeto como no medo de perdê-lo. Isto é, ela vem junto com a infelicidade. Só a felicidade interna, sem desejo em um objeto externo, pode ser completa. A artista plástica Susana Urribarri parece ter essa felicidade espontânea no coração. Seu nome budista, Senhora Poderosa da Grande Felicidade, pelo menos dá uma boa inspiração. Ela diz que aprendeu a ser feliz com a liberdade de pintar. “Quando se tem um papel branco pela frente, podemos usar cores horrorosas que jamais poderíamos pensar em combinar, traços livres que podem ou não dizer alguma coisa, formas cheias e definidas ou não-formas. Nada está errado, nada tem de ser nada”, diz. Ela acha que, assim como na pintura, a abertura é uma condição bastante essencial na busca da felicidade, já que não existe um padrão fixo para ela. É aquela história da borboleta: se você vai muito atrás da felicidade com uma rede, ela pode se espantar e não chegar perto de você. Se você ficar quietinho e aberto, pode até ser que ela pouse em seu ombro.

Felicidade é busca

Hoje é difícil entender por que os filósofos gregos insistiam tanto na virtude como solo firme para o nascimento da felicidade. Esse elo tão estreito é quase incompreensível na era da propaganda, do marketing e da televisão: quase ninguém associa mais virtude com o fato de ser feliz. Isso porque perdemos a pergunta-chave que antecede a maioria das teorias dos pensadores da Grécia. E a pergunta é: “O que torna uma vida digna de ser vivida?” Uma vida feliz só pode ser uma vida com significado, pensavam os gregos. E aí a virtude faz sentido. Dizia Aristóteles que a felicidade era a meta de todas as metas: tudo o que fazemos, no fundo, é para sermos mais felizes. Dinheiro, poder, são apenas meios para isso. Ele falava também que existem dois tipos de felicidade: a de uma vida virtuosa (a do homem bom, honesto e simples) e a nascida da contemplação (que pertencia ao mundo dos místicos e filósofos). Só eles poderiam se sentir felizes ao tentar compreender o sentido da vida ou ao buscar uma experiência espiritual que a preenchesse de significado.

É importantíssimo diferenciar as duas dimensões da felicidade. E essa talvez seja mais uma das grande indicações do seu caminho. Uma está relacionada à conduta correta na vida e também aos pequenos e simples prazeres que os relacionamentos (e até os bens materiais) podem nos proporcionar. A outra é imortal e não pertence a este mundo. Pode até ser uma forma de viver o paraíso na Terra. mas não é para muitos.

Uma das mais saborosas descrições desse tipo, digamos, mais humano e mortal de felicidade está no livro Sob o Sol da Toscana, da americana Frances Mayes. Das páginas escritas por ela salta o perfume da erva-cidreira colocada na água do banho, da sálvia que recheia o lombo de porco assado ou do alecrim que, junto com o sal grosso, tempera a galinha-d’angola. Lendo suas palavras, também quase se pode ver os vários estratos vermelhos das paredes descascadas da sua casa, assim como os dourados dos croutons de polenta na sopa de tomates maduros. A escritora chilena Isabel Allende é outra mestra que fala dessas alegrias do cotidiano, dos prazeres femininos pressentidos e provados no dia-a-dia.

Desse tipo de felicidade mais humana também são feitas as viagens. Não há peregrino que não estampe um sorriso beatífico no rosto ao contar as aventuras, contratempos e descobertas de suas viagens. Peter Musson, um fotógrafo inglês com quem compartilhei várias reportagens, é um deles.Viajante inveterado, capta nas suas lentes a felicidade de estar sempre com a mochila nas costas. É para sua câmara que as crianças da Jamaica dão seus melhores sorrisos ou que os velhos dos altiplanos andinos dirigem um olhar profundo de confiança. Porque ele transpira felicidade pelos poros quando viaja, e as pessoas percebem isso. “Me sinto mais vivo”, admite.

Tem gente assim, como Peter, que é mais feliz viajando. Outras pessoas adoram ficar sentadas paradas no alpendre de um sítio. Outros ainda são empreendedores, dão tudo para trabalhar e realizar projetos. Não importa. “Siga sempre sua bem-aventurança, aquilo que você acha que vai fazê-lo feliz. Temos de aprender a abdicar da vida que planejamos para ter a vida que está esperando por nós”, escreveu com sabedoria o mitólogo Joseph Campbell, talvez um dos seres humanos que mais defenderam o direito inalienável de todos pela busca da felicidade. Foi o que fez Shirley, a heroína do filme Shirley Valentine, um dos mais interessantes já feitos sobre essa busca. É sobre ela que vou falar agora.

Felicidade é aqui

Shirley é uma dona-de-casa de meia-idade londrina que não tem com quem falar de manhã. Seu marido sai cedo e ela só tem as paredes para cumprimentar. E é o que ela faz sempre. “Bom dia, parede? Como vai, parede? Dormiu bem?”O sonho de Shirley,que para ela seria a suprema felicidade, é um dia assistir a um pôr-do-sol numa praia deserta da Grécia, vestida com uma roupa vaporosa de verão e com um copo de vinho branco gelado a seu lado. Filme vai, filme vem, e Shirley consegue realizar seu acalentado sonho, nos mínimos detalhes. Para descobrir, logo em seguida, que sua felicidade não tinha nada a ver com aquilo. E aí vem o pulo do gato da história: ela descobre que aquele cenário idealizado não a torna mais feliz mas, ao mesmo tempo, opta por não voltar mais para a Inglaterra.Decide tentar sua felicidade de outro jeito, mais aberto, vivendo na Grécia. Não vou contar o fim do filme, que é inesperado, mas até aqui já dá para perceber que muitas vezes somos como nossa querida Shirley, tanto na idealização de uma forma fixa de felicidade quanto na tendência de querer adiá-la para um futuro quase inatingível. Portanto, não adiar muito um projeto que nos faça mais felizes, assim como não idealizá-lo em demasia,podem ser boas indicações (e lições) no caminho que conduz à felicidade.Você pode ser feliz agora, se quiser, nas suas condições mesmo,mas também pode ter um projeto para realizar que traga mais alegria a seu futuro.Algo que você gostaria de contar para seus netos, algo bacana de se orgulhar de ter feito na vida.

E a urgência na realização desse sonho tem um motivo bem concreto:não somos imortais.Você pode não acreditar, mas a morte é boa conselheira quando o assunto é ser feliz. “Somos, pelo que sabemos, a única espécie capaz de refletir sobre a própria mortalidade, as únicas criaturas deste planeta capazes de vislumbrar o fim da própria existência”, escreveu Mark Kingwell no livro Aprendendo Felicidade. Segundo Kingwell, a noção de que somos finitos, e de que a morte é inesperada, nos ajuda a revisar e reavaliar os valores que consideramos mais importantes na busca da felicidade, seja trabalhar como voluntário de uma entidade humanitária na África, seja reconciliar-se com um parente próximo. Até as pequenas bobagens da vida que nos trazem alegria alcançam outra dimensão quando se pensa na morte. Com essa perspectiva, fica mais fácil tomar aquele sorvete numa tarde deslumbrante de outono ou molhar o cabelo na chuva num dia quente de verão.

Felicidade é agora

Dois livros nos fazem lembrar da morte (afinal de contas, nascemos com prazo de validade) de uma maneira leve e divertida. O primeiro, 100 Coisas para Fazer (Antes de Morrer), é quase uma brincadeira em forma de almanaque, com dezenas de histórias de pessoas que realizaram seus projetos de felicidade, seja viajar à velocidade do som, seja meditar nas cavernas do Nepal. Os autores, Michael Ogden e Chris Day, também ensinam como construir sua lista de felicidade, com grandes e pequenos projetos, e até como alterná-los, se for possível. É um livro de auto-ajuda debochadamente assumido, e talvez por isso tão simpático.

O segundo, escrito pela americana Patricia Schultz, chama-se 1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer. Quem sabe não vai constar da sua lista você querer visitar o Jardim do Administrador Humilde, na China, que dá a impressão de flutuar na água? Ou o pagode de Shwedagon, na Birmânia, uma reluzente stupa (monumento sagrado) budista de 32 andares revestida interna e externamente de ouro. Ou, mais perto, a praia de Itacaré. É possível que nesses lugares a felicidade não esteja esperando exatamente do jeito que você imaginou, como aconteceu com Shirley Valentine.Mas a alegria de se ver indo realizar um sonho, o entusiasmo de imaginar as lindas paisagens e pessoas que vai conhecer, o prazer ao fazer o planejamento da jornada, isso ninguém vai tirar de você. Talvez nem perceba, mas é bem provável que você esteja muito mais feliz nesses meses ou dias que antecedem a partida, ou mesmo durante a viagem, do que exatamente no seu destino. A vida também pode ser assim. A felicidade perpassa todo o percurso, do começo ao fim. Ela é o próprio caminho, e estará sempre ao alcance da mão, é só querer. E isso – que alívio! – é muito bom. E perfeitamente possível para cada um de nós alcançar.

Para saber mais
Livros:
- A Fórmula da Felicidade, Stefan Klein, Sextante
- A Mais Bela História da Felicidade, Sponville, Delumeau, Farge, Difel
- Aprendendo Felicidade, Mark Kingwell, Relume Dumará
- A Viagem de Heitor, François Lelord, Sá Editora
- Felicidade, Desesperadamente, André Comte-Sponville, Martins Fontes

Fonte: Revista Vida Simples

Análise_Maturidade


Maturidade



Boa parte da nossa vida está relacionada ao processo de amadurecer, que pode ir dos 35 aos 60 anos ou mais. Como podemos tirar o melhor proveito disso hoje?



Alguém aí já comeu manga madura, daquelas bem suculentas, e provou seu suco doce, que escorre pela boca e mancha toda a roupa? Então, ali, sentindo o gosto da fruta, a gente tem certeza de que ela está no seu auge, no máximo de tudo que é e pode oferecer. A sua “madurez” é desejada, querida. Ninguém vai ter essa sensação quase erótica ao morder uma manga verde e dura. Então por que será que a gente não consegue transpor esse exemplo para nossa própria vida? Por que a maturidade, ou o envelhecer, nos apavora tanto? E por que não tiramos do outono o mesmo prazer que se extrai do verão e da primavera?



A juventude ­ e o que é rígido, novo, verde ­ tornou-se nosso supremo ideal. E o processo biológico em direção ao envelhecimento é empurrado cada vez mais para a frente. O desejável, para a maioria de nós, seria usufruir uma juventude interminável, quase eterna, para então (se realmente insistirem muito nisso) morrer de repente, dormindo. O processo que, de acordo com a natureza, nos deixaria mais doces e tenros, mais plenos e ricos, desabrochando para o que realmente somos, é visto como um castigo contra o qual se deve lutar a todo custo. Mas não precisa ser assim. Existem outras maneiras de ter prazer na vida, exatamente como ela se apresenta. Saber como fazer isso é o grande segredo.



Jovens maduros­_Arte da compensação_A volta do encantamento_Liberdade, enfim_Evelhecer hoje_Aurora do espírito_7 dicas para uma maturidade Feliz



Quando se fala de envelhecer, de chegar à maturidade e continuar a aproveitar tudo a que temos direito, nossos irmãozinhos chineses têm muito a dizer. “Na China, quem está na faixa dos 50 anos, por exemplo, é considerado um ‘jovem maduro’. Para a cultura tradicional chinesa, um homem ou uma mulher nessa idade está no auge de tudo o que ele é”, afi rma Roque Enrique Severino, professor de tai chi há 35 anos e presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Oriental. De acordo com esse pensamento, o processo do envelhecimento mais radical só se implantaria bem depois dos 60, mas esse limite também pode variar. “Mesmo quando a pessoa chega aos 80 anos, e, portanto, à velhice, na China se diz que ela está na idade ideal para começar a apreciar verdadeiramente a vida”, diz Roque.



Serão os chineses uns otimistas desenfreados? Uns malucos fora da realidade? Provavelmente não. A empolgação excessiva nunca foi uma característica do povo chinês. Mas, para entender essas afirmações sem considerá-las um exagero, deve-se entender o ponto de vista a partir do qual elas são feitas.



Os chineses conectados com a medicina tradicional do seu país conhecem a energia vital que percorre o corpo como os marinheiros conhecem as ondas do mar. Sabem de seus altos e baixos, fluxos e refluxos, excessos e faltas, inclusive considerando os parâmetros ideais para cada fase da vida. Entendem que todo o longo processo da maturidade, que para eles leva de 30 a 40 anos, pode ser vivido com vigor e energia. E para que a vitalidade flua pelo corpo da maneira mais harmônica possível, dispõem de um arsenal de terapias, técnicas, exercícios, massagens, dietas, tratamentos e também meditações, pois mente, espírito e corpo são uma coisa só, garantem eles.


Muito sábio. Com a vitalidade em alta, o amadurecer se faz lentamente, sem doenças e limites físicos restritos. Por isso, os chineses a conservam o maior tempo possível, até em idades bem avançadas. Ser um jovem maduro aos 50 anos, ou bem mais, significa que a energia vital ainda corre pelos meridianos com o vigor da juventude num organismo que começa a amadurecer e a declinar. Deixar a mente límpida e o corpo envelhecer sem que ele perca o viço, a seiva e a flexibilidade é o ideal chinês.



Alguém aí já comeu manga madura, daquelas bem suculentas, e provou seu suco doce, que escorre pela boca e mancha toda a roupa? Então, ali, sentindo o gosto da fruta, a gente tem certeza de que ela está no seu auge, no máximo de tudo que é e pode oferecer. A sua “madurez” é desejada, querida. Ninguém vai ter essa sensação quase erótica ao morder uma manga verde e dura. Então por que será que a gente não consegue transpor esse exemplo para nossa própria vida? Por que a maturidade, ou o envelhecer, nos apavora tanto? E por que não tiramos do outono o mesmo prazer que se extrai do verão e da primavera?



A juventude ­ e o que é rígido, novo, verde ­ tornou-se nosso supremo ideal. E o processo biológico em direção ao envelhecimento é empurrado cada vez mais para a frente. O desejável, para a maioria de nós, seria usufruir uma juventude interminável, quase eterna, para então (se realmente insistirem muito nisso) morrer de repente, dormindo. O processo que, de acordo com a natureza, nos deixaria mais doces e tenros, mais plenos e ricos, desabrochando para o que realmente somos, é visto como um castigo contra o qual se deve lutar a todo custo. Mas não precisa ser assim. Existem outras maneiras de ter prazer na vida, exatamente como ela se apresenta. Saber como fazer isso é o grande segredo.


Jovens maduros


Quando se fala de envelhecer, de chegar à maturidade e continuar a aproveitar tudo a que temos direito, nossos irmãozinhos chineses têm muito a dizer. “Na China, quem está na faixa dos 50 anos, por exemplo, é considerado um ‘jovem maduro’. Para a cultura tradicional chinesa, um homem ou uma mulher nessa idade está no auge de tudo o que ele é”, afi rma Roque Enrique Severino, professor de tai chi há 35 anos e presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Oriental. De acordo com esse pensamento, o processo do envelhecimento mais radical só se implantaria bem depois dos 60, mas esse limite também pode variar. “Mesmo quando a pessoa chega aos 80 anos, e, portanto, à velhice, na China se diz que ela está na idade ideal para começar a apreciar verdadeiramente a vida”, diz Roque.



Serão os chineses uns otimistas desenfreados? Uns malucos fora da realidade? Provavelmente não. A empolgação excessiva nunca foi uma característica do povo chinês. Mas, para entender essas afirmações sem considerá-las um exagero, deve-se entender o ponto de vista a partir do qual elas são feitas.



Os chineses conectados com a medicina tradicional do seu país conhecem a energia vital que percorre o corpo como os marinheiros conhecem as ondas do mar. Sabem de seus altos e baixos, fluxos e refluxos, excessos e faltas, inclusive considerando os parâmetros ideais para cada fase da vida. Entendem que todo o longo processo da maturidade, que para eles leva de 30 a 40 anos, pode ser vivido com vigor e energia. E para que a vitalidade flua pelo corpo da maneira mais harmônica possível, dispõem de um arsenal de terapias, técnicas, exercícios, massagens, dietas, tratamentos e também meditações, pois mente, espírito e corpo são uma coisa só, garantem eles. Muito sábio. Com a vitalidade em alta, o amadurecer se faz lentamente, sem doenças e limites físicos restritos. Por isso, os chineses a conservam o maior tempo possível, até em idades bem avançadas. Ser um jovem maduro aos 50 anos, ou bem mais, significa que a energia vital ainda corre pelos meridianos com o vigor da juventude num organismo que começa a amadurecer e a declinar. Deixar a mente límpida e o corpo envelhecer sem que ele perca o viço, a seiva e a flexibilidade é o ideal chinês.



Arte da compensação



Estar bem dentro do corpo e cuidar da serenidade da mente é um aprendizado que exige sensibilidade, percepção e dedicação. Isto é, o que antes, durante a juventude, vinha de graça e sem esforço, agora deve ser batalhado. “A realidade irreversível é que estamos vivendo por mais tempo e o modo como enfrentamos essa maior longevidade faz uma diferença monumental para todos nós”, diz Jean Carper, autor de Pare de Envelhecer Agora. “E, quando agimos para retardar nosso próprio envelhecimento, participamos de uma maravilhosa revolução na medicina que enfatiza a prevenção em vez do tratamento”, afirma ele. Pois envelhecer bem é a arte da compensação: o que se perde é reposto conscientemente, seja com tai chi, seja com meditação, ioga ou uma moderna dieta que impede a formação de radicais livres com alimentos e vitaminas. A boa informação e a prática constante são essenciais para quem quer amadurecer de maneira saudável.



Os resultados desses métodos, terapias e técnicas podem se tornar visíveis em pouco tempo. “Um dos indicadores mais fáceis para avaliar a vitalidade de alguém é o brilho dos olhos”, diz o professor Roque Severino. Se você tiver 50, 60 ou 70 anos e tiver essa luz interna, essa faísca que demonstra o vigor do espírito, é sinal de que o inverno da velhice ainda não se manifestou e que ainda pode estar bem longe, pelo menos segundo a avaliação chinesa. “Podemos ver uma pessoa idosa recuperar instantaneamente essa centelha por alguns momentos ao falar de um acontecimento do passado que tenha despertado seu entusiasmo e alegria. É como se essa luz estivesse sempre ali, mas não fosse mais acessada”, diz a terapeuta Maria Luiza de Aquino, que ensina ioga tibetana para a recuperação da vitalidade perdida. “O mais desejável é que esse brilho e o amor pela vida nasçam novamente com base no momento presente, e que não fiquem perdidos só nas lembranças do que passou”, diz ela. Como? É o que a gente vai ver logo a seguir.


A volta do encantamento


Leia com atenção as próximas frases: “A vida é boa acima de tudo; é boa por si mesma; o raciocínio nada conta para isso. Não se é feliz por viagem, riqueza, sucesso, prazer. É-se feliz porque se é feliz. Como o morango tem gosto de morango, assim a vida tem gosto de felicidade. O sol é bom, a chuva é boa; todo ruído é música. Ver, ouvir, cheirar, saborear, tocar não é mais do que uma sucessão de felicidades”. Antes que você ache que o pensador Alain, pseudônimo do francês Émile-Auguste Chartier (1868-1951), seja outro otimista desenfreado, vamos seguir mais profundamente seu pensamento. “Mesmo as dores, o cansaço, tudo isso tem um sabor de vida. Existir é bom, não melhor do que outra coisa, pois existir é tudo, e não existir é nada.” Bem, talvez seja essa a grande chave do mais completo e apaixonado amor pela existência: amase tudo nela, da tristeza à angústia, da manhã radiosa ao começo de uma paixão, da lágrima e do peito doído à arte. É uma aceitação incondicional.


O mitólogo Joseph Campbell acrescentaria: “Diga ‘sim!’ à totalidade da vida, tanto ao prazer quanto à dor. Mergulhe com alegria nos sofrimentos do mundo. O imenso privilégio da existência é ser exatamente quem você é”. A mudança extraordinária que pode acontecer internamente com base nessa diferente forma de apreciação pela existência em si pode trazer de volta um encantamento que talvez tenha se perdido. “Felicidade ou amargor? Será preciso sempre escolher? Pode-se fazê-lo? Parece-me que, antes, cumpre aprender a amar os dois”, escreveu o filósofo francês André Comte-Sponville no livro Bom Dia, Angústia. “A dor e a angústia fazem parte do real (...). A sabedoria está na aceitação do real, não na sua negação. O que de mais natural, quando se sente dor, do que gritar? O que mais sábio, quando se está angustiado, do que aceitá-lo? ‘Enquanto fazes uma diferença entre o samsara e o nirvana, estás no samsara’, dizia Nargarjuna. Enquanto você faz uma diferença entre sua pobre vida e a redenção, está na sua pobre vida”, continua Sponville.


E há outra questão: sempre sabemos que vamos morrer. Com essa consciência nítida, torna-se natural reconhecer a preciosidade de cada instante. Mesmo o prazer é ressaltado por sua fugacidade, por sua raridade e lampejo. Também a dor, a angústia ou a tristeza trazem em si sua nobre singularidade. Difícil? Talvez esse seja mais um dos presentes da maturidade: é possível experimentar sempre, principalmente o que não se vivenciou antes, o que se deixou para trás, o que nunca passou pela cabeça. O que realmente temos a perder, afinal?


Jair Engracia, 64 anos, funcionário do Banco do Brasil, experimentou esse amor pela singularidade da vida de uma forma muito especial. “A maior dor do envelhecimento é vermos que temos menos possibilidades. A quantidade, em tudo e por tudo, diminui. E isso dói”, diz ele. Mesmo assim, é possível saborear essa dor. Ela indica que a direção da vida, nesse momento, se dirige à qualidade, à contemplação e à fruição da existência, mais do que à quantidade, ao fazer e ao ter. E, quando se percebe isso, o sofrimento é mais fácil de ser integrado ­ e até saboreado. O envelhecer nos segreda a cada momento que sempre podemos ter a possibilidade de viver novas experiências, para render homenagem à própria vida. Há melhor epitáfi o que o título da biografia de Pablo Neruda? Ele resumiu toda sua história numa única e invejável frase: Confesso que Vivi.


Liberdade, enfim


Outro elemento que pode ajudar bastante nessa nova fruição é a libertação dos padrões culturais impostos pela sociedade, o famoso “tem que”. A empresária Maria Clara Gomide, por exemplo, refletiu bastante sobre seu próprio comportamento amoroso e resolveu mudar da água para o vinho. “Aos 54 anos ainda queria casar, ter um companheiro fixo, uma vidinha pacata, exatamente como queria aos 22. Na verdade, vi que essa não parecia uma idéia minha, mas da sociedade: era o que se esperava de mim quando era mais jovem.” E acrescenta, sorrindo: “Me esqueci de atualizar meus sonhos”. Hoje ela reconhece que teria horror de viver essa realidade doméstica. “Mudei completamente minha perspectiva. Tenho dois namorados, um francês e um espanhol, que visito durante o ano em semestres diferentes, que possivelmente são tão fiéis a mim quanto eu a eles”, diz. “Mas fico feliz na companhia deles, cada um me traz uma experiência diferente, e é isso, honestamente, que eu quero neste momento da minha existência.”


Ah, a liberdade da maturidade. Que ganho maravilhoso, essa aceitação e esse conhecimento de si mesmo, para o bem ou para o mal. “As pessoas fracionam a vida quando rejeitam a si mesmas, negam a própria história quando valorizam o modelo social, seja estético, seja comportamental, sem questionálo”, diz Pedro Paulo Monteiro, professor de Gerontologia da PUC de Petrópolis e autor do livro Envelhecer: Histórias, Encontros e Transformações. “A sabedoria só é possível pela reflexão. Porém, a reflexão envolve uma postura de humildade, de aprendizado sobre si com base nas experiências de vida”, diz ele.


Envelhecer hoje


Essa procura pelo significado e pelo encantamento da vida pode ocorrer de várias maneiras. De uma forma menos filosófi ca, é o que se tenta todos os dias no Hospital das Clínicas de São Paulo, onde funciona o Programa de Envelhecimento Saudável, comandado pelo médico geriatra Wilson Jacob. Ali, além do atendimento físico e psicológico para quem tem mais de 60 anos, ensinase, com a ajuda de profissionais voluntários, ioga, meditação, dança, ikebana e outras atividades. Dessa maneira, procura-se despertar nessas pessoas novamente a alegria de viver. E descobrem-se coisas surpreendentes, como o aumento da capacidade de memória dos idosos após seis meses de tai chi, uma das conclusões de um estudo da médica Juliana Yumi Kafai, com a participação de Ângela Soci, professora dessa arte marcial.


Inclusive já há uma corrente nos Estados Unidos que afirma que uma pessoa de 60 anos, com boa saúde e utilizando os recursos de hoje para manter sua energia, é equivalente a uma pessoa de 40 anos há um século. Sim, os 60 são os novos 40, como se diz por aí. Portanto, não só a vida esticou como ela tem outra qualidade. Há que se considerar também que atualmente as pessoas vivem o envelhecer de outra maneira. Regina Casé, num quadro do Fantástico, revelou essa diferença ao mostrar o quadro clássico de dom Pedro II, com os trajes imperiais e sua longa barba branca. Ela pediu que as pessoas adivinhassem sua idade ­ 70, 80 ou 90 ­, para depois contar a idade real do imperador na época: 50 anos.


Pois é, hoje é mais fácil ver as pessoas assumirem a própria idade. A advogada Alice Maria Felipetto, por exemplo, decidiu assumir o cabelo grisalho aos 46 anos. “Só eu e minhas amigas achamos lindo. Os homens sumiram”, afirma. Como ainda pretende namorar muito, fez uma concessão consciente ao sexo masculino e voltou a tingir o cabelo. Já a tradutora Helena Hungria continuou com sua opção, contentíssima e aplaudida pelos amigos, que a acham mais bonita agora que antes. “Meu sonho era envelhecer como a Rita Lee, ter o cabelo exatamente naquele tom de vermelho. Mas fui mudando, mudando e aos 54 anos e meio decidi assumir os grisalhos. Hoje tenho exatamente o rosto que queria ter.” Quem quiser gostar dela assim, que goste.


Aurora do espírito


Os anos de maturidade convidam a uma reorientação espiritual fundamental. “O propósito da crise na transição da meia-idade (que acontece por volta dos 35, 40 anos) é efetuar essa reorientação e conversão”, escreveram as psicanalistas junguianas Anne Brennan e Janice Brewi no livro Arquétipos Junguianos, a Espiritualidade na Meia-idade.


Isso porque a primeira metade da vida é bastante diferente da segunda. Até a meia-idade ela é orientada pelos desejos do ego e da própria espécie humana: produzir, reproduzir, vencer. Depois isso diminui. Ao redor dos 50, há um desejo profundo de mudar a vida que se levou até então, ou até transformar a maneira de ser: o indivíduo passa a responder mais às leis do espírito. “Somos chamados para um modo de ser totalmente novo. Na primeira metade da vida, é o mundo exterior que nos chama. Na meia-idade, o mundo interior”, dizem elas. Os chamados externos, como a carreira, a manutenção de status, relacionamentos e até a família, mudam de prioridade. Esse é o retrato de uma existência plena, quando a maturidade se completa com fecho de ouro.


Por isso, acredite, o envelhecer só pode ser desejado com alegria. Pense nisso. E que a vida lhe seja doce.
7 DICAS PARA UMA MATURIDADE FELIZ
1. cuide do corpo - Pratique exercícios, alimentese com equilíbrio, consulte o médico regularmente.
2. mantenha-se ativo - Não se entregue: saia por aí, ingresse em uma ONG, em um grupo de pessoas com as mesmas afinidades que as suas.
3. alimente as relações sociais - Cultive seus amigos, crie ocasiões gostosas para reunir-se com eles.
4. cuide do seu parceiro - Nessa etapa da vida, nada mais importante que cuidar de sua relação a dois.
5. explore novos interesses - Redescubra o pintor dentro de você, aprenda um novo idioma etc.
6. abra-se ao mundo - Viaje sempre que possível ­ novos horizontes costumam nos rejuvenescer.
7. aceite novos desafios - Não encare a vida com aquele ar de “já vi tudo isso antes”.
Para saber mais
Livros:• Aceitação de Si Mesmo, Romano Guardini, Palas Athena• Arquétipos Junguianos, a Espiritualidade na Meia-idade, A. Brennan e J. Brewi, Madras• A Arte do Envelhecer, Sherwin B. Noland, Objetiva• Pare de Envelhecer Agora, Jean Carper, Campus-Elsevier


Fonte: Revista Vida Simples

Aula_20 de maio

Na aula de Hoje


Balanço Geral do Manual de Assessoria de Imprensa

Textos Análise_ Maturidade
Felicidade

Prova Escrita_ 1questão

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Aprendiz_Reunião Equipe

Vídeo_Acredite, Você é Capaz

Modelo_Apresentação de Seminário

Análise_A Casca



Ficar em casa ou romper a casca?

Então os filhos se tornaram adultos e estão relativamente encaminhados na vida. Porém, nem pensam em sair para ganhar o mundo e acham ótimo ficar com a família (que, por sua vez, também está adorando tê-los sempre à vista). É normal ou será que existe alguma coisa de errado nisso?

É um fenômeno mundial: cada vez mais os filhos prolongam sua estada na casa dos pais, desfrutando de benesses como carinho e apoio quase inesgotáveis, liberdade, a comidinha predileta e outros confortos. Os pais parecem aceitar essa adolescência quase perpétua numa boa e, em muitos casos, estimulam a permanência dos filhos em casa até como uma estratégia para enfrentar o próprio envelhecimento. Mas há muita gente se perguntando se essa realidade é apenas mais uma faceta de um mundo em que os valores estão mudando rapidamente ou se há efetivamente algo de negativo nisso. Por isso, pais e filhos, leiam com carinho esta matéria. E experimentem, nem que seja por alguns momentos, trocar de papel e imaginar o que sente e pensa cada lado dessa história devidamente apresentada para filhos e pais abaixo.

A história dos filhos

A cosquinha que dá vontade de sair de casa já começou? Pode ser até que ela já tenha dado um pouco antes, ao sair da faculdade, aos 22 anos, ou quem sabe quando seus irmãos se casaram e você ficou para trás, aos 25, ou quando um amigo ou amiga o convidou para morar junto, aos 27. Mas parecia muito cedo ainda. Nesses momentos de dúvida, você olhou para seus pais, viu que ainda era muito ligado a eles, que gostava do conforto do seu quarto, que tinha muita liberdade e, principalmente, que a vida lá fora seria dureza. E não saiu. Não precisa se martirizar por isso: saiba que você está em ótima companhia. Filhos que ficam mais tempo em casa, até os 28, 30 ou 32 anos (se não for mais), transformaram-se num fenômeno recente, observado não só na classe média do Brasil como em vários países do mundo é a chamada geração canguru. Na Itália, por exemplo, filhos como você ficaram conhecidos como mammone (palavra que vem de mamma, a soberana mãe italiana que adora ter seus rebentos na barra da saia). Na França, o pessoal anda ficando mais com os pais porque os empregos também estão difíceis por lá. No Brasil, segundo o levantamento feito pelo geógrafo Arlindo Mello para sua tese de mestrado na Escola Nacional de Estatísticas do Rio de Janeiro, 25% por cento dos filhos que ainda moram na casa dos pais na Cidade Maravilhosa têm mais de 30 anos. É gente pra burro. Embora esse universo ainda não seja quantificado com a devida exatidão (segundo o IBGE, os jovens brasileiros que caem na vida mais cedo ainda são a maioria), a dificuldade para sobreviver e as facilidades dadas pelos pais andam conservando muita gente em casa. Portanto, você não é uma exceção isolada: muitas famílias estão mesmo abraçando seus filhos por mais tempo.

O mercado imobiliário, por exemplo, já detectou a mudança. Os enormes apartamentos com quatro suítes e cinco garagens ou os flats que se intercomunicam muitas vezes são vendidos para casais de alta renda com filhos adultos. Os proprietários mais velhos que têm apartamentos grandes não estão se desfazendo mais deles para ir para um menor. Ou os filhos ficaram com eles ou, se saíram, podem voltar, afirma Ely Whertheim, vice-presidente imobiliário do Sindicato das Construtoras de São Paulo (SindusCon-SP).

Fátima Fachin sabe muito bem disso. Aos 28 anos ela viu, abismada, seu pai comprar um apartamento com três suítes quando ela estava prestes a sair de casa para se casar, dois anos depois de sua irmã mais nova. Fátima questionou a decisão. E o pai respondeu na lata: Dou um prazo de carência de cinco anos para o casamento de vocês duas. Se der errado, estou esperando vocês aqui com sua mãe. Se não der, vendo o apartamento, compro um veleiro e vou para a Martinica. A Martinica, para o pai de Fátima, é a imagem de uma utopia, uma Pasárgada. Ele decidiu adiar seu sonho idílico por desconfiar da durabilidade do casamento de hoje e também por achá-las incapazes de sobreviver sozinhas, a partir mesmo de suas escolhas profissionais (música e artes plásticas). Pode ser pragmático, até generoso, mas, puxa, não dá para controlar a vida assim..., diz Fátima.

Luciana Alves Pereira é outra moça de 28 anos que desfrutava de um ambiente e tanto com a família. Filha de pai arquiteto, morava numa casa belíssima de madeira e vidro, fotografada por várias revistas de arquitetura. Mas, no fim do ano passado, começou a sentir que seu prazo de validade por lá já estava expirando. Por ser muito amiga e próxima dos pais, foi duro convencêlos de que queria deixá-los para experimentar a grande aventura da vida independente. Mas o destino ajudou: De repente, vi que se havia formado uma brecha em que eles não precisavam tanto mais de mim. Minha mãe estava bem, meu pai também e minha irmã já estava casada. Se não aproveitasse aquele momento em que tudo fluía, acho que depois ficaria muito difícil. Na sua decisão, está embutida bastante responsabilidade. Saí porque estava ganhando o suficiente para alugar um apartamento de quarto e sala no centro. Não tem sentido viver sozinha e esperar que pai e mãe ajudem a cobrir o cartão de crédito, diz a ajuizada Luciana. Também se sentiu feliz porque não precisou sair de casa por causa de namorado. A gente é de uma geração acostumada a zapear no controle remoto da televisão. Imagine se saísse por causa de alguém e não desse certo. Teria de voltar para casa com um gosto de fracasso na boca, com a sensação de que não conseguia sobreviver sozinha. Mesmo tendo a certeza de que pai e mãe a receberiam de braços abertos.

A história de Luciana mostra que a casa dos pais certamente estará aberta quando você precisar (ufa!). A psicóloga Lidia Aratangy, por exemplo, viu sua filha voltar com duas crianças pequenas após a moça ficar viúva com apenas 30 anos. Garanti que ela teria nosso apoio para o tempo que fosse necessário. No caso dela, isso durou um ano e meio. Mas minha filha sabia que ficar conosco era uma solução provisória, paliativa, afirma a psicóloga. Um tempo até ela poder se arrumar de novo na vida. Mesmo quando saem com menos idade, muitos jovens ainda conservam uma parte do seu ninho com os pais. É o caso do administrador de empresas Paulo Henrique (que pediu para ter o nome trocado nesta reportagem), 25 anos, que responde por um cargo de chefia numa multinacional da indústria química de São Paulo. Aluno brilhante e responsável, veio de Belo Horizonte aos 18 anos para estudar na capital paulista. Seus parcos recursos para se manter, porém, o fizeram morar em todos os ambientes possíveis.

Mesmo no último ano, já formado, trocou oito vezes de endereço, na maioria das vezes nada recomendáveis. É famoso entre os amigos como Mister Pig (ou Senhor Porco), numa alusão à infinidade de muquifos (também conhecidos como cabeça-de-porco) em que teve de morar em São Paulo. Só agora, num bom emprego e ganhando bem, Paulo decidiu se estabelecer. Mas quem vê seu desembaraço e independência como profissional nem desconfia que quase todo fim de semana ele arruma sua malinha e vai para Belo Horizonte para ver seus pais e ter a roupa lavada. De quebra, ainda volta com um a quentinha com aquela comida que só a mamãe sabe fazer.

Então, como você vê, existem dos acomodados aos que só querem uma força da família para cumprir seu projeto de vida. Aliás, essa é a grande pergunta que você deve fazer a si mesmo quando começar a coceirinha de querer sair de casa. Saber qual é seu projeto de vida esclarece a situação. Querer ficar na casa dos pais para fazer um mestrado ou curso de especialização para ter melhores chances no mercado de trabalho é uma coisa. Ficar porque tem certeza de que seu padrão de vida vai abaixar quando começar a pagar suas próprias contas é outra, diz a psicóloga Lidia Aratangy, que aconselha, inclusive, os pais a sentarem com seus filhos e perguntarem bem claramente o que eles pretendem fazer de suas vidas. Autora de livros sobre a relação de pais e filhos, Lidia, que já é avó, perturba-se com a infantilização exagerada dos jovens adultos de hoje. A infantilização começa cedo. Aos 12 anos, por exemplo, os adolescentes de hoje lêem as Aventuras do Capitão Cueca, um livro quase infantil. No meu tempo, a gente lia Erico Verissimo e boa literatura adulta. Isso faz diferença mais tarde, diz Lidia. Uma das razões para isso ocorrer talvez seja o excesso de mimos dos pais, que infantilizam os adolescentes e os deixam pouco tolerantes às frustrações como as crianças. Acontece que uma boa relação com as próprias frustrações é um dos alicerces da maturidade. Nesse caso, então, o que fazer? Terapia é bom. Mas também vôos rasos, curtos, só para sentir qual é sua autonomia. Que tal passar um tempo na casa de uma irmã? Ou de um amigo? Mesmo que o desempenho não seja muito bom, não desanime. Aprender é o maior capacidade do ser humano. A gente pode ir para a nova casa não sabendo fritar um ovo, sim. Os primeiros podem sair queimadinhos, mas depois a gente aprende, lembra a advogada Sueli Nunes, que saiu de casa aos 30 anos sem saber cozinhar, passar roupa ou limpar banheiro. Em seis meses de tentativas, já rodopiava pelo seu apartamento de lencinho na cabeça como uma borboleta feliz.

Além dos mimos, a sedução e a chantagem emocional dos pais podem gerar um aumento no tempo de estadia dos filhos. Quando eles ameaçam abrir as asas, chega uma passagem de avião para longe. Quando tentam de novo, uma fragilidade súbita de um dos genitores estanca o processo. Mas dá para saber quando é fita ou suborno,garante a dentista paulista Caritas Marcondes, que tentou sair de casa quatro vezes antes de conseguir realizar a proeza. Na verdade, a descoberta da mentira e da manipulação ajuda muito a concretizar a decisão de partir.

E, se você não quiser sair de casa, pergunte-se sinceramente por quê. Pode ser que realmente esse não seja o momento de sair. Por mil motivos que só você tem condições de descobrir. De qualquer forma, o autoconhecimento sempre vai colocar mais luz na situação. Até você conseguir resolvê-la um dia.

Isso posto, boa sorte. Mas antes leia abaixo "A história dos pais" para entender melhor o que passa na cabeça deles.

Demorô!

Planeje sua saída. Sente, faça contas, calcule seus gastos.

Tenha um dinheiro reservado para os primeiros meses.

Visite o apê que possa pagar até encontrar um de que goste.

Converse com quem já saiu e aprenda com suas experiências.

Fale francamente com seus pais e resista às seduções.
Estabeleça um prazo razoável para a saída.

Saiba antes a quem recorrer se precisar de algum dinheiro.

Decidida a questão, alugado o apê, vá em frente.

vTenha um plano B na manga (que não inclua a volta à casa dos pais).

A história dos pais

Lembra aquela vontade de sair de casa, arriscar o pescoço, meter os peitos, enfrentar desafios e cair na estrada com uma calça velha azul e desbotada? Pois é, parece não existir mais. Ou, se existe, não é bem assim. Calça desbotada ainda pode ser, mas hoje a passagem de avião dos filhos tem ida e volta bem definidas, com certeza com o mesmo endereço da hora da partida: a casa dos pais. Passar dificuldades e perrengues, vamos ser sinceros, em nome do quê? Independência? Liberdade? Bens materiais? É o que mais eles têm em casa. Porta do quarto fechada, vale tudo, ou quase tudo, desde que não se acordem os vizinhos ou prejudique a saúde, é claro. Com a vantagem de não ter de pagar pela roupa limpinha, pelo canelone de ricota e, muitas vezes, nem pela conta do celular.

Não há como negar: seus filhos gostam do ninho, da plumagem macia que você deu para eles, que os defende em parte de uma vida mais competitiva, insegura e com um número bem menor de oportunidades do que você próprio teve. Além disso, confesse, é gostoso ver as crianças ainda por perto, mesmo que elas já sejam bem grandinhas. Você se delicia com suas aventuras o namorado, a namorada, aquela viagem maluca nos Andes, as histórias dos amigos, os desafios do início da vida profissional... A presença deles traz vida, frescor, um certo encanto, a juventude que todos nós tanto amamos.

Não é para se envergonhar,portanto. Os filhos ficam mais tempo em casa porque a vida mudou. E muito. Em primeiro lugar, ela esticou temos mais tempo para viver e, com isso, as fases da vida também se alongaram. A expectativa de vida hoje no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de quase 72 anos. Casa-se mais tarde também, um ano a mais, em média, do que quando você era jovem, se estiver na casa dos 50. A adolescência tornou-se compridíssima. No seu tempo, dizia-se que ela ia dos 13 até os 18, vá lá,19 anos. Isto é, um adolescente (teenager, em inglês) estava no período de vida que vai dos thirteen (13) aos nineteen (19). Ao se completarem 20 anos, mudava-se de década e status o adolescente passava a ser um jovem adulto.

A própria lei brasileira considera que, aos 18 anos, uma pessoa já é plenamente responsável por seus atos. Mas certamente não pela sua sobrevivência, como se sabe. Com essa idade, um jovem (da classe média, pelo menos) ainda está no primeiro ou segundo ano da faculdade, com pouquíssimas chances de emprego e auto-suficiência. Também não pensa seriamente em se casar, em ter uma casa e filhos, em se tornar responsável por uma família, condição que atestaria sua maturidade psicológica e autonomia na sociedade. Enfim, é adulto mas naquelas, né?

A adolescência tornou-se tão longa que a psicóloga carioca Tânia Zagury dedicou um livro inteiro, Encurtando a Adolescência, a esse assunto. Hoje, considera-se que a adolescência começa bem antes, já com uns 11 anos e alonga-se até um período indeterminado, que pode ir até a casa dos 20: 22, 23, 24 anos, sabe Deus quando.

Essa visão, que vem dos próprios jovens com relação a eles mesmos, foi detectada pelo psicólogo paulista Yves de la Taille, autor do livro Labirintos da Moral, que assina junto com o educador Mário Sérgio Cortella. Diante do olhar estupefato do professor, todos os alunos do quarto ano de psicologia da USP, gente dos seus 23, 24 anos, levantaram a mão quando perguntados se consideravam a si próprios como adolescentes. Acreditam nisso porque certamente não têm autonomia. Podem ter independência na casa dos pais, total liberdade de ir e vir, mas não têm auto-suficiência, diz. Esse é, segundo Yves de la Taille, o grande fator que separa sua geração da de seus filhos: a capacidade de ficar em pé nas próprias pernas vinha mais cedo e era muito desejada. Havia um certo brio em sair de casa, manter-se sozinho, enfrentar a vida para ter independência e vida própria. Esse orgulho vinha do clima cultural vigente: ao sair de casa, rompiam-se as amarras com um sistema familiar duramente contestado e abriam-se caminhos para novas formas de viver em sociedade. Para a turbulenta geração dos anos 60 e 70, independência rimava com honra. Inaugurou- se uma outra época: os ídolos dos jovens passaram a ser os próprios jovens, com sua rebeldia e amor pela liberdade. Antes, os ídolos dos jovens eram seus próprios pais, afirma De la Taille.

Mudança brutal. A juventude, com sua beleza e ímpeto de vida, tornou-se o mais desejado dos bens. Por isso, os filhos de hoje querem permanecer adolescentes até a última ponta. E os pais também. Pensem bem: ter os filhos por perto, como se fossem crianças, pode aumentar, e muito, a ilusão de eterna juventude. E adiar o momento de se reestruturar um casamento, de se perguntar o que realmente gosta de fazer na vida, procurar projetos que incluam a realização pessoal. Reencontrar a própria individualidade, depois de tantos anos se dedicando a ajudar a formar a identidade dos filhos, pode ser um processo doloroso. Além de ser uma maneira inconsciente e engenhosa de não enfrentar a própria idade e, com isso, a proximidade da etapa final da existência (que também se alongou e tornou-se mais prazerosa e criativa, ainda bem).

Sábios são os indianos, que, encerrada a vida produtiva, de exercício profissional e criação de filhos, iniciam outra etapa completamente diferente, consagrada ao autoconhecimento e aperfeiçoamento interior. Fazem retiros, peregrinações espirituais, vão atrás de mestres ou se tornam um deles. Mesmo no Ocidente, onde a procura espiritual não parece ser tão visceral e profunda, muitos pais que soltaram seus filhos para o mundo tiveram a oportunidade de experimentar o que sempre gostariam de fazer e nunca haviam conseguido: viajar, ensaiar uma atividade artística ou literária (pintar, esculpir, tocar um instrumento, escrever), fazer cursos livres, entrar numa nova faculdade para depois, quem sabe, dar aulas ou dedicar-se a uma atividade voluntária. Os pais podem, numa imagem bem prosaica, voltar a comer a coxinha do frango, depois de tantos anos tendo deixado essa parte saborosa para os filhos durante as refeições.

Os 50, 60 e 70 anos, então, podem se tornar um rico período de busca de realização. E por que não? de felicidade. Aos 57 anos, Blanca Suarez, por exemplo, que durante mais de dez anos foi relações-públicas da Maison de la France, órgão oficial do turismo francês no Brasil, abandonou a idéia de continuar nesse ramo de atividade para se dedicar à paixão de sua vida: os animais. Inscreveu- se como voluntária numa ONG,a Arca, que acolhe animais enjeitados, e, por enquanto, não pensa em voltar ao circuito de eventos, festas e viagens. Conquistei o direito de fazer só o que meu coração diz. Mãe de um médico veterinário de 25 anos que tem mais quatro anos de mestrado e doutorado pela frente e que ainda mora em sua casa, ela não esperou para conquistar o espaço próprio. Estou me preparando para quando ele for embora.

Por isso, tranqüilize-se, não é errado ter os filhos por perto, se realmente há necessidade disso e se você não se torna dependente da lufada de oxigênio que eles trazem para casa, tentando segurá-los com mimos ou chantagens emocionais. A história só fica meio esquisita quando não há essa precisão e há um certo comodismo por parte deles, uma espécie de pânico de enfrentar a vida e passar pelas eventuais dificuldades que irão se apresentar no caminho. Porque é claro que será diferente. Essa geração ama o conforto tanto quanto a geração passada gostava da liberdade. Mas o ser humano precisa de riscos e desafios para crescer, afirma Yves de la Taille. Enfim, precisa quebrar a cara às vezes. Filhotes são mesmo para sair do ninho, ainda que isso custe um pouquinho mais.

Você mesmo desempenhou o seu papel nessa mudança rumo a uma vida mais protegida. De peito aberto, sua geração ajudou a destruir convenções, balançar a moral estabelecida e dar uma sacudida geral nas ideologias. Foram derrubados os muros que bloqueavam a estrada e agora seus filhos passeiam por ela sobre asfalto macio. Eles têm mais tempo para aprender, mais abertura para viver e, de certa maneira,muito mais facilidades. Têm, em suma, acesso a informações e experiências quase inimagináveis em seu tempo. Por motivos diferentes (e são muitos, não tenha dúvida), sorte sua por ter vivido sua época. Sorte dos seus filhos por viverem a deles.
Agora, com o coração mais pacificado, leia o que acontece com seus filhos. Leia e reflita. E descubra, nele e em você, se há uma necessidade de mudança.

Chegou a hora?

Lembre-se sempre: seu filho já é um adulto.

Mesmo que não precise, faça questão de que ele ajude em casa.

Estabeleça com nitidez as responsabilidades dele.

Deixe claras as conseqüências do não cumprimento dessas regras.

Se ele pensar em sair, procure ajudá-lo no que for possível.

Não use suas dificuldades para mantê-lo em casa.

Se ele deseja ficar para ajudá-lo por alguma razão, reflita bem.

Procure retomar sua própria individualidade.

Inaugure uma fase de realização de sonhos e busca espiritual.

PARA SABER MAIS
LIVROS
Encurtando a Adolescência, Tânia Zagury, Record
Livro dos Avós, Lidia Aratangy e Leonardo Posternak, Artemeios
Pais que Educam Filhos que Educam Pais, Lidia Aratangy, Celebrist
Fonte: Revista Vida Simples

Análise_Assuma as rédeas


Assuma as rédeas

A verdadeira disciplina está em perseguir objetivos e caminhos definidos por você mesmo. Mas sem se torturar e sempre reservando momentos para festejar

Disciplina? Credo! _eu, meu adversário_O futuro vira presente_Hora da farra

Imagine só se o caminhão de lixo deixar de passar na sua rua. Se os semáforos pararem na hora do rush. Se o amigo com quem você marcou hora não chegar nunca. Se a luz acabar e não voltar. Se a final do campeonato não tiver dia nem hora para acontecer. Se sua empresa não depositar o pagamento no dia 5. Tente imaginar tudo ao deus-dará, cada um por si, uma convivência que é pura incerteza.

Difícil a vida assim, né? Essa brincadeira ajuda a gente a perceber que a sociedade está lotada de rotinas e regras. E que elas fazem algum sentido. No fundo, facilitam a existência e permitem que as coisas funcionem melhor ou simplesmente funcionem. Está aí um bom começo para compreender também a importância da disciplina pessoal, essas rotinas e regrinhas que valem para cada um de nós e que devemos seguir.
Devemos?

Na verdade, a primeira reação das pessoas quando falamos de disciplina costuma ser torcer o nariz. Faz sentido. Mas é preciso perceber que a disciplina tem um lado bom e que nos ajuda a viver melhor. A questão é compreender a importância da disciplina verdadeira, aquela que é um compromisso com nós mesmos, e ter critérios para saber como incluí-la na sua vida na medida certa.

Um trem fora dos trilhos não vai a lugar nenhum. Os trilhos, portanto, são fundamentais para levar o trem adiante, até seu destino final. Só que a viagem é bem melhor se soubermos apreciar as paisagens pelo caminho. Pegou? Bom, vamos devagar com esse trem. Uma pequena reflexão disciplinada ajuda a compreender a coisa toda.

Disciplina? Credo!

A maior parte das pessoas enxerga a disciplina embaçada por uma camada de preconceitos. Desde a escola somos ensinados que ela é a parte ruim e chata das coisas. Para começar, cada assunto a ser estudado já leva o nome de quê? De disciplina. Sem falar no conteúdo (não me falem de matemática e geometria, que começo a dormir na mesa). Além disso, em lares mais durões, basta um filho sair da linha para alguém dizer que falta disciplina. Junte a essa pedagogia questionável o fato de que passamos por uma ditadura militar que, sob o pretexto de disciplinar o país, acabou oprimindo todo mundo. Faltou pouco para mudar o lema da bandeira para Disciplina e progresso.

Dá para perceber o que há de ruim nesses exemplos? Claro, em todos eles a disciplina vem de fora. Não foi a própria pessoa quem definiu o objetivo nem o caminho para alcançá-lo. As regras vieram impostas, estabelecidas por outras pessoas. Faz toda a diferença. Num certo sentido, essa disciplina imposta é até mais fácil. Basta ser obediente, afirma a jornalista Lia Diskin, uma das fundadoras da Associação Palas Athena. Mas ela alerta: ser capaz de receber e cumprir ordens não nos faz uma pessoa disciplinada, no sentido mais nobre da palavra. Ser disciplinado de verdade é nos comprometermos com nossas próprias escolhas, percebermos que as metas que fixamos exigem percorrer um caminho e ver sentido na própria caminhada.

Neste significado, mais autêntico, a disciplina é um instrumento de nossa evolução pessoal. Quando estipulamos uma meta pessoal e a cumprimos, ganhamos uma dose extra de confiança em nós mesmos, ganhamos musculatura interna, diz Lia Diskin. A disciplina tem efeitos extraordinários na construção do caráter. Pergunte aos grandes pianistas e eles vão concordar ninguém domina um instrumento tão complexo levando a vida na flauta.

Não é à toa que essa organização interior tem um lugar importante na sabedoria oriental. Chegou até o mundo do trabalho, como um dos mandamentos do modelo de administração chamado kaizen, baseado no aprimoramento contínuo e na disciplina de cada envolvido. Mas também está por trás de muitos ensinamentos e da própria forma de ensinar de alguns povos orientais.

Foi o que o faixa-preta Marcos Cavagnolli descobriu praticando o aikidô.Nessa arte marcial, durante os treinamentos, cada praticante se cumprimenta a cada golpe. De forma alguma esse é um gesto vazio. Diante de você está, a cada segundo, alguém que vai poder lhe ensinar algo e, mais do que tudo, caminhar com você para um aperfeiçoamento. Um dos preceitos do aikidô é o de que o praticante deve sempre concentrar a atenção em seu centro, o ponto onde estaria o seu equilíbrio. Se você se distrair e sair do seu centro, será levado pela força do seu adversário, disse Cavagnolli, enquanto rodopiava meu corpo no ar e me fazia rolar no tatame, durante nossa entrevista-treino.Faz sentido, comento, do chão, após um tombo. Na vida você também cai, caso se deixe levar, diz Marcos.

Faz mais sentido ainda. Nesse caso, a disciplina serve para que você esteja sempre atento a si mesmo e não se deixe levar por interesses diferentes dos seus. Disciplina é foco. É como uma bússola, que todo o tempo lembra aonde você quer chegar e evita que imprevistos ou interferências desviem você desse ponto. Como quem definiu esse norte foi você mesmo, essa disciplina interna é o contrário daquela que é imposta de fora.

Eu, meu adversário

Acontece que, no tatame da vida, às vezes a gente é nosso próprio adversário. Eu explico: não é raro resistirmos à disciplina, mesmo que os objetivos tenham sido definidos por nós mesmos. Não é preciso ir longe para dar exemplos nessa época de final de ano. É só lembrar das manjadas listinhas de afazeres e autopromessas de Ano Novo. Nascem daquele desejo mágico de melhorar a vida, evoluir. Tudo muito louvável, mas, lá pelo meio do ano, cadê a lista?

Bom, disciplina não deve ser confundida com autoflagelação.É preciso deixar de lado as expectativas altas demais, afirma a professora de filosofia Lúcia Benfatti. Temos de levar em conta a medida humana. Em outras palavras, não adianta prometer que vai malhar para ficar com corpo de modelo, que fará um regime digno de faquir ou que militará pelos pobres como o bem-aventurado Betinho. A idéia é pavimentar uma estrada que leve aonde você quiser, mas é preciso ter critérios na escolha do destino. O principal deles: respeitar a si mesmo.

Tem mais. Lúcia lembra que o foco não deve estar no resultado, mas no ser humano que o busca. Isso também é sabedoria oriental. A professora de história da arte Hideko Honma descobriu essa lição ao aprender a moldar cerâmica. Cansada de falar dos aspectos teóricos da arte, ela viajou ao Japão para transformar seu conhecimento em prática. Em Arita, no sul do país, foi trabalhar no ateliê do mestre Tokume. Logo na segunda semana, recebeu uma tarefa que parecia irrealizável: fazer mil peças iguais de cerâmica. Pior. Só poderia confeccioná-las no intervalo das tantas atividades que cumpria desde que ingressara na oficina era ela quem limpava os banheiros, varria o local, preparava o chá e o servia às visitas. Serviço no torno, só nos minutinhos extras. A missão parecia tão impossível que Hideko chorou várias vezes. Mas, devagar, conseguiu juntar as mil peças. Não cabia em si de felicidade.

Aí, o mestre Tokume veio ver as peças.Essa não, começou o professor. Hummm,essa também não.Ah, olhe só essa, claro que não.Com um olhar sem dó, classificou quase todas as peças como não-boas, próprias para reciclagem. Sobraram cem. A fase dois do aprendizado consistia em fazer um pé nas peças e voltar a apresentá-las ao mestre.No final, restaram cinco.

Hideko voltou ao Brasil sem saber se tinha aprendido algo de verdade. Obstinada, meses após a volta ela ainda se empenhava em repetir a mesma peça, com toda a perfeição possível. Foi quando se lembrou de uma das poucas conversas que teve com seu mestre: Ao aprender uma forma, aprenderás todas. Zás! Nesse momento, ela se sentiu pronta e começou a experimentar e fazer de tudo no torno. Toda a precisão que adquiri ao moldar a mesma peça, da mesma forma, com o mesmo empenho, me permitiu ter precisão para moldar, centímetro a centímetro, formas diferentes, relata a ceramista. Hideko percebeu que tinha valido a pena perseverar, fazer o que parecia um grande sacrifício em busca de uma meta que ela mesma tinha definido dar forma à cerâmica. Só no final ela se deu conta de que não foi o objetivo, mas a caminhada, que teve o maior valor para ela.

O futuro vira presente

A disciplina autêntica é assim: um compromisso com o futuro. Por isso, ela envolve uma dose de contenção, de abrir mão de prazeres imediatos em troca de uma conquista que é maior, mas que virá num prazo mais longo. Quando a gente se propõe a fazer uma dieta, por exemplo, tem de viver dezenas, centenas, milhares de momentos em que abre mão da satisfação imediata. É a tentação do bifinho, daquele quindinzinho ou de só mais um bombonzinho (na hora, a gente pensa em tudo no diminutivo). Nesse instante, é preciso lembrar que a empreitada em que nos engajamos irá dar prazer não agora, e sim no futuro, na hora em que a silhueta mais elegante aparecer ou tivermos evitado os riscos que as gordurinhas a mais implicam. Isso vale para outros bons comportamentos que a gente queira adotar ou maus hábitos que queiramos abandonar. É preciso sempre lembrar: o tempo passa e o futuro, um dia, vira presente.

O ator Pedro Paulo Rangel infelizmente está tendo que aprender essa lição a duras penas. Depois de levar por décadas um estilo de vida com alguns excessos, ele sofre com um problema pulmonar que de vez em quando lhe rouba a respiração e a voz.Com a capacidade respiratória prejudicada, ele criou um intervalo na peça Soppa de Letra, que está encenando, para descansar e conversar com o público. Pedro Paulo senta, explica sua história e deixa um alerta para as conseqüências de cada atitude na vida. Fiz 50 anos e resolvi ser esperto, driblar qualquer doença que pudesse ter pelos excessos que cometi. Parei de fumar, parei de beber,mudei meu cardápio e fui para a academia. Aí, fiquei doente, diz, em tom de brincadeira. Hoje ele gostaria de ter se cuidado melhor no passado. E adota a disciplina que considera que andou faltando. Continua vibrante, embora, às vezes,afônico. Cada espetáculo é uma celebração, um pequeno milagre da vida, após tanta dedicação, disse o ator,quando lhe perguntei sobre sua satisfação com a disciplina atual.

Exemplo oposto é o do mágico Célio Amino. Ele está se preparando para fazer seu primeiro documentário em filme. Daqui a 10 anos. Nos últimos dois anos ele freqüentou todo curso sobre o tema de que teve notícia.Agora faz um curso de roteiros aos sábados. A dedicação tem um bom motivo. Como prestidigitador, Célio é nota 10. Cara a cara com o público, materializa objetos na orelha da pessoa na primeira fila,faz pequenas coisas sumirem e chega a desaparecer, em espetáculos maiores, com automóveis inteiros. Mas, como cineasta, a coisa é diferente. Não tenho nenhuma habilidade para o cinema, embora seja um aficionado.

O mágico não gosta de usar a palavra disciplina: A vida não pode ser rígida, diz.Mas conhece bem o conceito. Trabalho pelos meus objetivos o tempo todo. Quando precisou evoluir em seu ofício de ilusionista, teve de estudar muito.Com técnicas de óptica e multimídia, passou a dar sumiço em coisas de mais de 3 metros, como os carros.As novas performances garantiram uma agenda cheia, com apresentações para centenas de pessoas,contratadas por montadoras de automóveis. Agora é a vez do cinema.Quando realizar a meta de fazer um documentário, será um momento muito especial, diz Célio. E aqui dentro ainda tenho outros sonhos. Esta talvez seja sua maior mágica: ver o futuro com antecedência e trabalhar para que se materialize.

Hora da farra

Até agora falamos sobre como a disciplina nos mantém nos trilhos. Mas há o outro lado da moeda. Ninguém vive no futuro.As regrinhas podem ser inimigas da criatividade. E viver também é se alegrar, celebrar, fazer farra. Uma vida só de disciplina pode virar um eterno ir, sem nunca chegar. E até ser menos produtiva. Einstein não disse que o sucesso do gênio é 90% de transpiração e 10% de inspiração? Costuma ser mais raro essa inspiração aparecer no meio de rotinas e regras rígidas demais.

É por isso mesmo que disciplina e celebração são, em grande medida, complementares. Você persegue uma meta a longo prazo, mas não deixa de curtir o dia-a-dia ou comemorar as pequenas vitórias. Você mantém seu norte sem fechar os olhos para as novidades do caminho. Para desenvolver nossas qualidades, temos de cultivar nosso jardim todos os dias, afirma a filósofa Lúcia Benfatti.Mas se a gente só se preocupar em adubar, regar, tosar e aplainar, não terá tempo para sentir o aroma das flores.

Quem já passou por uma gravidez sabe bem o que é isso. São nove meses em que é preciso evitar excessos, conviver com pequenos desconfortos e aprender a lidar com a ansiedade. No final, a explosão de alegria que é o nascimento mostra que toda a disciplina compensou.Tudo fica melhor ainda se, ao longo desse período, aprendermos a festejar as alegrias, digamos, parciais. Como fez a antropóloga recifense Júlia Morim. Para espalhar sua felicidade durante a gravidez, ela começou a mandar mensagens aos parentes e amigos com relatos escritos por sua filha Maria, ainda antes de ela nascer.

Hoje fui com minha mãe ao médico. Engordamos 2 quilos. Ele examinou os olhos de mamãe e depois me apertou um pouquinho. Está tudo bem. Mês que vem voltamos lá, aí ele vai pedir um ultra-som e vocês vão poder me ver aqui dentro (tá tão bom!), dizia uma das mensagens. Não sei por quê, mas quando percebi já estava digitando as impressões dela, conta Júlia. Cada mensagem era recebida com festa. Ficou todo mundo ainda mais próximo e feliz. Foi só um aquecimento para a grande celebração que foi o nascimento de Maria, cheia de saúde, em outubro.

Em matéria de celebração, nada melhor do que ouvir um especialista. O palhaço João Grandão confessa que quase vive comemorando sem parar, mas Márcio Ballas, o ator que dá vida ao personagem, não esconde que tem uma rotina disciplinada.Faz exercícios de interpretação regularmente, ensaia novos quadros, estuda o momento certo de finalizar cada palhaçada.

João Grandão já fez rir crianças de campos de refugiados no Cazaquistão e em Angola, como parte das ações da ONG Palhaços sem Fronteiras. Para isso, Ballas teve de conviver com a dor de ver gente que perdeu casa, família e até seu país e passar, ele mesmo, por situações de desconforto. Coloco o nariz de palhaço e muda minha percepção do mundo, relata Ballas-João Grandão. O exercício é estar muito presente,para interagir com tudo o que está ao redor. O olhar fica apurado. Da experiência de atuar, Ballas retém a sensação de que cada segundo conta. Cada momento é único, não volta. Com isso na cabeça, é impossível não fazer uma aliança com a vida.

O escritor mexicano Octávio Paz já disse que a celebração é o momento em que o tempo deixa de ser uma sucessão e volta a ser o que foi e é originalmente: um presente em que passado e futuro por fim se reconciliam. A idéia de conciliação tem tudo a ver com nosso assunto. Presente e futuro, dever e prazer, disciplina e celebração são ingredientes que ficam melhores quando bem combinados. Mas essa é uma receita individual. Cabe a cada um procurar o ponto ideal da mistura.

PARA SABER MAIS
LIVROS
Hagakure O Livro do Samurai, Yamamoto Tsunetomo, Conrad
A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen, Eugen Herrigel, Pensamento
Alegria, a Felicidade que Vem de Dentro, Osho, Cultrix

Fonte: Revista Vida Simples

Aula 16 de maio

Na Aula de Hoje _ Sala 509

Café da manhã

Trabalho em grupo

Orientação Apresentação do Seminário de Resultados

Orientação Pasta-Final

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Modelo de Currículo

Como redigir um bom currículo


A finalidade de um currículo é apresentar você ao mercado. Por isso, deve retratar sua vida profissional de forma clara, tornando possível a quem o recebe não apenas entender a construção de carreira relatada, mas sentir-se atraído por conhecer quem a construiu. Assim, um bom currículo é fruto de muito autoconhecimento e clareza de objetivos. Por isso, a ordem é: saiba quem você é, quais as suas realizações até agora e o que deseja para o futuro.


Redigindo o Currículo

Identificação

Comece com informações básicas como: nome completo, naturalidade, data de nascimento e estado civil. Lembre-se de destacar seu endereço completo, telefones residencial e móvel (com DDD), endereço de e-mail. Seja preciso. Quem busca oportunidades quer ser encontrado.


Objetivo

Informe a posição que você pretende ocupar e a área de seu interesse. Ex.: Estagiário de Administração.


Qualificação

Esse é o espaço para você destacar seus diferenciais competitivos. Seja breve e diga quem você é. Ex.: Estudante de Secretariado Executivo Bilíngüe com experiência em assessoria para diretoria de multinacionais. Conhecimento de rotinas administrativas tendo atuado nos últimos dois anos como secretária da diretoria do departamento financeiro do setor de tecnologia da informação. Caso esteja se candidatando a uma vaga, seja específico e direcione esse texto para justificar a razão pela qual você é uma excelente escolha.


Formação

O que, onde e quando você estudou? Mencione seus cursos de graduação, pós-graduação, MBA, especializações. Não esqueça de destacar a instituição de ensino e o ano em que concluiu ou concluirá o curso. Procure realçar a formação que fortalece seu perfil profissional. Assim, quando mencionar formação complementar, busque colocar o que faz diferença para o perfil que você quer apresentar ao mercado. Esteja atento ao fato de que a empresa pode solicitar cópia dos seus certificados. Portanto, JAMAIS invente qualquer informação e mantenha seus certificados em ordem.


Idiomas

Indique sua real competência para usar um idioma. Não adianta mencionar certificados, se na hora de se apresentar você não conseguir falar ou escrever no idioma informado. Ex.: Inglês fluente (significa que você fala, lê e escreve). Espanhol avançado para conversação e leitura (significa que pode usar o idioma com limitações: não sabe escrever).


Experiência

Comece da experiência mais recente para a mais antiga, citando ano de entrada e saída, nome da empresa, a posição ocupada, e a quem se reporta ou reportava. Vale mencionar as características da empresa em que trabalha: se multinacional ou não, número de funcionários no país, atividade principal. Informe suas realizações e conquistas, sem deixar de mencionar dados quantitativos. Lembre-se de dizer quais eram suas atividades mais significativas.

Fonte: Trabalhando.com.br

Vídeo_Currículo

Análise_Personalidade


Afinal, quem é você?

Existem quatro ingredientes básicos que formam a personalidade: origens e educação; obrigações diárias; interação com o mundo; sonhos e anseios. Como equilibrar essa mistura? Descubra nas próximas páginas

Como seria uma vida sem espelhos? Sem registros de nossa própria aparência? Sem imagens, desenhos ou fotografi as de nós mesmos? Sem que soubéssemos o contorno do nosso perfil, a proporção da boca diante das sobrancelhas e nariz? O comprimento das orelhas, a coloração dos olhos? Veríamos todo o mundo, mas não nos veríamos.

O que seríamos, sem nos vermos?

Ou, pelo contrário: como seria uma vida cheia de espelhos? Se só pudéssemos ver nossa face em todas as outras faces? Muitos e muitos registros de nós, da nossa expressão? Tudo que olhássemos seria mudado por nosso modo de ver a vida, pelo jeito de falarmos, pelo jeito de ouvirmos? Não veríamos o mundo, apenas a nós mesmos.

O que seríamos, só nos enxergando e mais nada?

As hipóteses acima não são apenas suposições delirantes e distantes, como parecem. Elas representam realidades concretas do nosso universo. Relembre, você já pode ter agido assim (eu admito que já o fiz, e faço). No primeiro caso, como e quando isso se daria? Nas vezes em que mal nos enxergamos, ou pouco nos conhecemos para delimitar com certeza nossos reais dons e vontades. Fases sem nitidez, clareza, quando as obrigações cotidianas parecem tomar conta de tudo... Na outra banda, há momentos em que só enxergamos o mundo – e nossas relações nele – conforme o que queremos, e distorcemos tudo a nosso bel-prazer. A realidade que se adapte!

Situações opostas, verdade, e nem sempre freqüentes, mas que mostram uma ínfima parte do imenso universo que forma a personalidade de cada um. Nela, essência, heranças, aspirações, desejos e sonhos se misturam a relações, máscaras, responsabilidades, dores, alegrias... No meio dessa salada completa do tamanho do (seu) mundo, está a resposta para a pergunta da reportagem que você irá ler nas próximas páginas. Uma pergunta que também ultrapassa toda e qualquer letra impressa.

Quem somos nós, afinal?

Genética de bamba!

Sem sombra de dúvida, ao chorar o bebê recebe tudo de que precisa. Leite quentinho, troca de roupa, balanço do chocalho, atenção, abrigo, amor. Basta chorar, ou pedir, e voilá, lá vem mamãe ou papai atender as necessidades. Aos poucos, inevitavelmente, esse cenário muda. O bebê se torna uma criança e começa a participar daquela outra vida além do berço, o mundo dos adultos. Tem hora para comer, para dormir, para brincar, para deixar de usar fraldas. Além disso, ela passa a reproduzir o que vê, o que ouve, o que compreende e apreende da vida familiar. Copia tudo, mesmo porque seus genes a ajudam nessa tarefa. Explicação: por muito tempo se definiu que a personalidade nascia na infância, nos primeiros sete anos de vida. Mas estudos recentes, de algo conhecido como genética comportamental, afirmam que desde o momento em que seus cromossomos X e Y determinam seu sexo, seu lindo olhar e seu jeito de gingar, eles também influenciam as características do seu “perfil de personalidade”, como relata o psicólogo americano Steven Pinker no livro Tábula Rasa. Bom humor seria hereditário, assim como ouvido musical ou aquela inclinação à leitura. Mas não é só isso, claro.

Somada aos genes, é nessa convivência familiar e na necessidade de interação que a personalidade embrionária dá seus primeiros passos. “Suco”, a criança diz, e às vezes trazem suco, às vezes não. Por que, ora bolas, só às vezes? E se gritar, vem? E se chorar? E se sorrir, ou beijar, ou abraçar? A criança testa os caminhos, percebe que alguns não funcionam. Até que compreende como fazer pontes com a realidade exterior – e como pedir um suco, uma bola e, incrível, que seu pai brinque com ela mesmo com aquela cara de cansado. Em outros momentos, a criança não entende nada, se assusta, fica com medo – e cria proteções, barreiras contra o mundo. Por que não podia rir alto naquela casa grande chamada de igreja? Por que ficar de castigo por subir na mesa e se pendurar no lustre? “Nesses momentos difíceis de relação com o mundo, montamos defesas para proteger e esconder as emoções. Nascem nossas máscaras”, diz a psicóloga e terapeuta corporal Maria das Graças Casarsa, especializada em Core Energetics, terapia focada em dissolver bloqueios emocionais utilizando o corpo como instrumento de diagnóstico.

Armadilhas internas

Mesmo com essa característica protetora, as máscaras são funcionais e nos ajudam a estabelecer formas de comunicação. Com elas, vestimos inúmeros códigos sociais. Nos adaptamos às regras de comportamento do ônibus escolar, do trânsito estafante, do vôo intercontinental. Registramos nossa identidade, usamos carteira com documentos, pagamos as contas (quase) em dia, conversamos com clientes, vendemos nosso peixe, enviamos e-mails, paqueramos, amamos, brigamos. “A personalidade com máscaras não tem um caráter negativo, pois essa estrutura apresenta o indivíduo, com seus dons e suas aspirações, ao ambiente social”, explica Elizabeth Zimmermann, presidente da Associação Junguiana do Brasil.

Mas no quesito “quem somos nós?” é preciso dizer que esses instrumentos da persona têm sua contra-indicação. Seriam um pouco intrometidos e surgiriam mesmo quando não fossem convidados para a cena. Para completar, durariam por toda a vida. Quer um exemplo? Esse é clássico. Lá está você levando aquela bronca da(o) esposa(o), mesmo quando você é que está com a razão. Em vez de retrucar, dialogar, debater, se encolhe, assustado, pois foi assim que você se safou quando levava um pito de igual porte da(o) sua (seu) mãe (pai), nos idos da infância. A máscara já não é mais útil, mas aparece mesmo assim. Imagine que isso aconteça muitas e muitas vezes, até o ponto – seja na idade que for – em que você cria uma imensa máscara, para tudo e para todos. Antes de qualquer agressão, melhor se defender, não? Ficar em uma bolha emocional, auto-isolante das fortes emoções do mundo. E incapaz de mostrar a si mesmo, tão automatizado que estaria. Como os peixes que são vendidos em feiras, nadando presos em sacos plásticos com água. E agora? É isso? Isolado e acabou? Talvez seja melhor abrir a couraça, não? “Quando começamos a sentir as amarras que algumas máscaras trazem, começa o processo de reconstrução de sua personalidade, de uma forma mais aberta às emoções. E começamos a expressar a nós mesmos de forma mais verdadeira”, diz Maria das Graças Casarsa.

Espelho, espelho meu

Mas como descobrimos essas tais amarras? Existe algum tipo de manual para achar nossas travas, nossos escudos? Na fala de todos os especialistas consultados, as dicas são simples. De certa forma, o espelho vai nos ajudar. A princípio, deixe de lado o que está no banheiro e use um tirado da sua imaginação. Quando não se sentir bem e sua relação consigo mesmo não estiver tão boa, reveja suas atitudes, como se estivesse vendo um filme. Como naquele dia em que, digamos, você queria tanto ter terminado o relatório, mas foi protelando o trabalho até ser tarde demais para fazê-lo durante o expediente. Levou o trabalho para casa, mas no meio do caminho encontrou uns amigos, parou e resolveu deixar para o outro dia, antes da primeira hora. Então a noite dá lugar a uma nova manhã, mas a cama estava daquele jeito, no ponto, e nada de você levantar cedo. Começa o expediente, e lá vai você duplamente atrasado inventar para a chefia que teve um problema em casa, mas que logo termina tudo. Nesse exemplo trivial, a máscara está nas mentiras que você mesmo se prega. E nas desculpas esfarrapadas que inventa para si e para os outros sobre seu desempenho profissional.

E, em se tratando dos outros, pode acreditar que suas relações podem ser de extrema valia para você se enxergar melhor. Sem exageros ou mansidão. Se todo mundo fala que você é organizado, talvez valha a pena dar crédito a isso. Você pode ser, sim, dessa forma. Mas a questão maior que envolve as máscaras é se você é organizado para os outros verem e falarem disso e você abrir sua cauda de pavão, ou se você é organizado de verdade. Aliás, tudo que faz parte do seu universo exterior vai, de um jeito ou de outro, refletir uma parte de você. No outro extremo das suposições, o carro bagunçado e sujo pode ter múltiplos significados. Um, você está sem dinheiro e tempo para lavar a máquina. Pronto, sem drama. Dois, você não liga para sujeira e é bagunçado por natureza. Ok, tudo certo. Três, você entra em crise com aquela bagunça, que parece dizer que toda sua vida está uma zoeira. Existem mais opções, claro. Anote a sua. E, quando possível, bata um papo com alguém que possa ouvi-lo com um pouco de isenção. Para mim, um diálogo desse tipo aconteceu de surpresa, mas foi importantíssimo. Conto no próximo parágrafo.

Em análise

Já passa de 12 anos que Marcelo conversa, sem parar, com pessoas de todos os tipos. Faz parte da sua rotina, e além de tudo é algo que lhe dá prazer. Escuta com paciência, anota os trechos mais importantes, espera a deixa correta e fala. Muito, por sinal. Sempre com o mesmo tom de voz, com olhar de amigo, gesticulando de forma animada. Afinal, ele é médico e está lá com os ouvidos atentos e a verve inspirada para ajudar, cuidar. Precisa ser franco o tempo todo, e assim o é com apenas uma exceção. Um assunto que ele menciona para poucos (“porque poucos entendem”, como ele diz), mas que percebe em todos: as pessoas se apegam às suas próprias aflições. E olhe que ele não está falando de doenças ou sintomas físicos, mas de um modo de viver a vida em desarmonia e criar repetidas vezes problemas e inquietudes. Foi isso que ele me mostrou, sobre mim mesmo. Estava lá na minha ficha, pude conferir, estupefato. Após oito anos de consultas, retornos, abandonos, freqüências e tratamentos, eu voltava ao consultório para repetir as queixas. Uma dor aqui, outra acolá, todas causadas pelo mesmo jeito de viver. Pelo jeito que criei ou, até, pelo jeito que eu sou – e isso é difícil de admitir.

Ao olhar suas anotações, cheias de frases que pontuaram minhas consultas, percebi que não havia remédio que pudesse melhorar minhas dores, a não ser eu mesmo. Mas por quais motivos criara um modus vivendi que me trazia preocupações, dores, ansiedade? Isso veio ao encontro de muitas leituras que fiz para esta reportagem, e a resposta me atingiu em cheio, dando nó nas entranhas. “Todos temos uma propensão a nos auto-enganar. Ela reside na capacidade que temos de sentir e de acreditar de boa-fé que somos o que não somos”, diz Eduardo Gianetti em Auto-engano. Ou, em outras palavras, podemos muitas vezes buscar mudanças e até o autoconhecimento, sem nunca arredar pé da estaca zero. Conhecer a si mesmo exigiria um pouco de isenção, para não dizer humildade, para ver nossos defeitos. E depois muita vontade para mudá-los. “Vontade para viver bem”, como disse o médico Marcelo Jovchelevich. Nesse momento, lembrei-me da teoria de uma pessoa que considero de bem com a vida, o precursor da ioga no Brasil, professor Hermógenes, que inventou o termo “egoesclerose”. Dessa forma ele classifica como “iludidas” as pessoas que se vêem muito acima do que são.

E isso é preciso ser dito, caro leitor. Se você vai pesquisar a si mesmo, pode ser que se dê conta de comportamentos e vícios emocionais que não lhe agradem. Eu com certeza não gostei de muitos insights que tive durante a pesquisa desse assunto. Tanta coisa nada bacana em mim, bem diferente do que eu projetava no espelho, do que via de cima do pedestal. A boa nova lhe falo pessoalmente, sem recorrer a experts: tropeçar nesses entraves me trouxe mais para o chão, e a vida ficou mais real. Com muito mais poesia e sabedoria, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) deixou registrado, em seu clássico Além do Bem e do Mal, um consolo para esses momentos de descoberta: “Quando a alma jovem, martirizada por puras desilusões, finalmente se volta desconfiada sobre si mesma (...), como se enraivece então, como se vinga por sua demorada auto-obcecação, com se ela tivesse sido uma cegueira voluntária! (...) Nessa transição (...) compreendemos que tudo isso era ainda juventude!” Ou seja, muita calma nessa hora! A palavra maturidade, não importa o número de velinhas que sopre em seu aniversário, ajuda na exploração interior. “Identificar quais emoções tentamos esconder por trás das máscaras, como vergonha, medo, orgulho, é o primeiro passo”, diz Maria das Graças. “Quando descobrir algo, trabalhe a questão sem pressa. Não se trata de passar de ano, é seu processo de reforma, de encontro. Faça no seu ritmo”, orienta a psicóloga.
Encruzilhadas

Sem tanta parcimônia, algumas defesas que temos simplesmente evaporam após intensas experiências que não nos deixam opções, a não ser sentir “pra valer” a vida. Como nos emblemáticos ritos de passagem – o nascimento, o casamento, a morte, o renascimento –, cheios de vivências tão transformadoras. Não era exatamente o que Tiche Vianna buscava, mas para ela o gravíssimo acidente de carro que sofreu dez anos atrás trouxe um incrível renascimento. A morte rondou sua vida, e por um tempo ela “quase não retornou” do longo coma. Quando acordou, veio resoluta: para continuar a viver, faria de cada instante uma experiência urgente e imprescindível. “Eu simplesmente não tive escolha. Fui obrigada a aumentar a intensidade do que vivia, ou estaria morta”, diz. Nesse novo batismo, ela pôde enfrentar inúmeras barreiras internas – principalmente porque ela é bastante familiarizada com o tema. Tiche ensina a seus alunos da companhia de teatro Barracão, em Campinas, como desenvolver suas próprias máscaras. Até por saber bem como foi difícil remover algumas barricadas emocionais, Tiche faz questão de se manter inquieta, sem se acomodar. “O mais importante para mim foi reconhecer os passos que dei na vida, assim como os que não tive coragem de dar. Com isso, aprendi que sem riscos não há vida.”

Outro inquieto com quem pude conversar foi Federico Marmori, um italiano simpático que nasceu em Roma, tem casa em Paris e faz doutorado na China. Prefere comer pouco, mas sua família não vê sentido nisso. A cada visita que faz a seus tios passa, praticamente, todo seu tempo com eles à mesa, seja por um dia, um fim de semana ou mais. Pão, vinho e saladas em demasia não o impedem de ser submetido a um ou dois pratos (enormes) de pasta fumegante, com muito molho, em cada uma das refeições. Federico não se importa, chega a ser um momento nostálgico para ele, que mudou todos os hábitos familiares em nome de uma saúde equilibrada. Tudo começou em uma viagem que fez ao Nepal, quando tinha 18 anos (hoje ultrapassa os 50, sem definir em quanto). “Foram meses e meses andando por estradas lamacentas, experimentando provações. Para conseguir comida e abrigo, me comunicava através de sinais. Muitas vezes dormi ao relento, observando as estrelas, e a solidão sem fim daquela jornada mudou minha vida completamente”, conta.

Até hoje, quando começa a falar de experiências de vida, Federico sempre cita essa viagem – feita há mais de 30 anos. E complementa: “Um dia, faço de novo. Foi ali que descobri quem eu era, adquiri os hábitos que me norteiam e decidi estudar plantas medicinais”. Através de uma simples escolha – realizar uma longa viagem –, Federico traçou um novo molde para sua vida, diferente do que recebera na educação paterna, e que se mantém firme e forte, apesar dos apelos. Que não vêm só da família, diga-se de passagem. Influências e sugestões recebemos de todos os lados, da mídia e da indústria da propaganda. Existem muitas propostas de alienação, que passam pelas roupas que precisamos vestir para estar na moda e chegam aos restaurantes a que precisamos ir para sermos vistos e comentados. “É preciso olhar para sua própria vida e construir seus próprios significados. O cultivo da própria personalidade é uma iniciativa que irá ajudar na construção da realidade que você decide viver, e não a que os outros lhe impõem. Um cidadão de bem, aliás, deve ajustar a sincronia da sua vida a si mesmo”, diz Marcos Ferreira, membro do Conselho Nacional de Psicologia.

A receita

Bem, aqui estamos a poucas linhas do fim da reportagem. Se eu conseguisse arriscar uma só dica que fosse a campeã para a investigação da persona, eu falaria que mudar a freqüência seria a chave para vermos aquilo que, muito provavelmente, está escrito na nossa cara. Em correspondência a isso, mover a câmera da nossa percepção por dentro, por fora, em nós e nos outros. Rever nosso “fundo das emoções”, questionar a beira rasa dos hábitos diários. Anotar gostos, desgostos, afetos, preferências, manias, gírias, cacoetes. Experimentar dizer diferente, falar de outra forma, sentir o que se sente. Aceitar nossas semelhanças, valorizar nossas particularidades. Em suma, ver, de verdade. “Ousar saber quem se é para poder repensar a vida e tornar-se quem se pode ser”, como afirma Gianetti em seu livro citado anteriormente.

Mas eu, definitivamente, abro mão de saber qual seria o caminho das pedras nessa busca tão pessoal. Prefiro que pensemos juntos em um enorme painel. Onde você pudesse colocar todas as fotos que tem de você mesmo (e as que já perdeu ou rasgou ou xingou e jogou fora). Junto a elas, não economize: anexe as imagens de pessoas importantes de sua vida. Isso, deixe o mural completo, sem faltar nada nem ninguém. E faça de conta que ele existe, digamos, em alguma parede da sua casa. Uma que estivesse no seu caminho quando fosse deixar o recinto, ir para a rua e encarar a labuta. Todos os dias você escolheria uma foto. Em um dia, você olharia para a parede de fotos e seria, novamente, uma criança a jogar bola com os moleques da rua. Noutro dia, voltaria a ser parte da turma da faculdade, cantando a pleno pulmão um dos hits daquela época.

E em um belo dia, sem mais nem menos, você seria apenas o ponto zero, o que não está escrito, o que não foi feito nem fotografado ainda. Seria o ator principal da sua próxima imagem, aquela que você construísse, com consciência, para si e para o exame do mundo. Enfim, um dia, seria você o autor da sua própria identidade, da sua própria vida. Dono da sua imagem.

Para saber mais

Livros:
• Espaço-tempo e Além, Bob Toben e Fred Alan Wolf, Cultrix
• Auto-engano, Eduardo Giannetti, Companhia das Letras
• Não Nascemos Prontos, Mario Sergio Cortella, Vozes
• Tábula Rasa, Steven Pinker, Companhia das Letras

: Revista Vida Simples