Sintonia com o regime
O jornalismo de reportagem, denúncia e investigação deu lugar ao de serviço, entretenimento e negócios. As empresas jornalísticas viram nessa transformação uma oportunidade de conciliar interesses editoriais e comerciais, com sofisticação maior do que havia até então - as famosas matérias pagas ou recomendadas pelo departamento comercial e publicadas como material editorial, muitas vezes resultado de verdadeiros achaques, um campo em que Assis Chateaubriand foi mestre e gênio.
Afinal, apesar de condenável, essa prática permitiu a ele legar à posteridade e à cultura brasileira uma obra como o Masp - o Museu de Arte de São Paulo. No bojo das mudanças políticas, econômicas e editoriais ocorridas no período militar, tornou-se dominante um modelo de jornalismo de economia identificado com os ideais econômicos do regime, quer por omissão, quer pela reprodução das versões oficiais tanto dos governos como das empresas estatais e privadas, fartamente alimentadas por assessores de imprensa. Assim, o jornalismo econômico contribuiu para a "salvação" e a "modernização" do país, preparando o terreno para a grande obra final, sob a dinastia dos Fernandos - Collor e Henrique Cardoso -, de implantação do modelo neoliberal. Fiéis também a esse modelo, as empresas jornalísticas passaram a enxugar as redações, a buscar a produtividade como valor primordial das redações e a formar uma nova geração de jornalistas, recém-saídos das faculdades, segundo um conceito de jornalismo "light".
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